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Marguerite Youcenar e a cozinha italiana

Marguerite Youcenar, inicia o livro As memórias de Adriano na primeira pessoa. "Eu sou Adriano". Isto sempre me causou espécie e só o aceitei inteiramente quando soube que ela era homossexual. Mas o que me leva a falar do livro, cuja tradução ao espanhol se deve a Julio Cortázar, não são as preferências sexuais da Autora ou do Imperador. Com Adriano - que reconstruiu o Panteão e veio a morrer de "hidropisia do Coração", apesar dos cuidados de Hermógenes, seu médico pessoal - o império romano atingiu o apogeu, abarcando o mundo então conhecido: do Atlântico à Mesopotâmia e da Inglaterra aos Urais. Parece que os romanos não conseguiram chegar ao Afeganistão onde, segundo consta, também Alexandre (O Grande) quebrou a cara. A movimentação de tropas nesse imenso território requeria, além de estradas e pontes, projetadas e construídas por uma engenharia competente, toda uma logística para o deslocamento de grandes contingentes humanos. Testemunhos dessas obras ainda estão presentes e funcionando como infra-estrutura e atração turística em vilas tão distantes como a de Trasosmontes. Outro dia alguém contou que ao visitar uma cidade qualquer banhada pelo Reno viu uma placa na entrada de uma ponte moderna orientando os motoristas de caminhões pesados para utilizarem a velha ponte romana. Com relação à logística, a movimentação das legiões demandava abastecimento de víveres, armas e equipamentos e também nisso os romanos foram criativos. Dizem que o chucrute, conhecido como acompanhante de pratos alemães, foi invenção deles. Forma prática de transportar e garantir vitamina na dieta dos soldados, evitava doenças como o escorbuto. Isto me foi ensinado na infância lá em Blumenau, onde está a Hemmer grande fabricante do produto. Também a polenta foi largamente usada naquela época sendo feita não com o milho, conhecido só dos ameríndios, mas de fava ou de farro. O livro de Marguerite, contudo, omite inteiramente qualquer referência à alimentação ao traçar o perfil do império romano através da biografia de Adriano. É uma pena pois perdeu uma excelente oportunidade de nos contar algo das preferências de Adriano, seus gostos por carnes, massas, sorvetes e vinhos e de nos ensinar receitas antigas do elenco de pratos típicos que vai da lasagne ao tagliatelle, segundo a lista preparada por Alessandro Andreini. Essa falha é tão gritante que tenho pensado em reler o livro temendo estar equivocado.

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