Consequências impremeditadas do ataque: desemprego no Brasil

Hoje faz um mês que o nosso amigo Neodo está desempregado. Lembro-me que foi logo após a implosão das torres gêmeas. Se foi conseqüência desse nefasto evento não sei. Quem sabe? Relendo as mensagens postadas neste blog talvez alguém ache um dia explicações para coisas que nem imaginamos. Eddgar Alan Poe, inicia o conto "o gato preto " assim: "um dia alguém com a mente mais lúcida do que a minha, vai achar neste conto ..." e não deu outra. Um desses antropólogos de plantão na linha estruturalista seguidores de Claude Lévi-Strauss, analisou o conto como se fora um mito e descobriu coisas do arco da velha. Com o espírito de tia
Ernestina, aquela velha senhora que regularmente punha-se limpar os escaninhos, listei minhas intervenções neste blog e, constatando que não foram poucas, pergunto-me de onde vem esse gosto pela coisa escrita. Por que, diariamente, registramos, como por dever de ofício, assuntos os mais diversos? Lembrei-me, então, que Tuto está cobrando-me um comentário da sua (dele) resposta às minhas perguntas sobre a escrita. Exercitando esse comentário, penso começar assim: Escrever é uma arte como qualquer outra ( um por cento de talento e noventa e nove de suor). Mas é uma arte com implicações sociais muito fortes. Jamais saiu um grande escritor da pobreza. O domínio da escrita e do saber é privilégio de classes dominantes. A escrita é instrumento de domínio sofisticado. Talvez seja por isso que nossas escolas ensinem a ler e se preocupem tão pouco com o escrever. Os grandes programas nacionais de alfabetização, como o Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetização (o Brasil tem 30 milhões de analfabetos), são voltados para a leitura. O cidadão precisa aprender a ler para informar-se, orientar-se. Entenda-se aqui cidadão como consumidor. Foi por isso que o método criado por Paulo Freire foi considerado subversivo. Ele não ensinava apenas a ler mas usava a leitura e a escrita como instrumento de contextualização da vida. Mas isso é outra história. Voltemos à escrita. Escrever, sempre me foi dito, é um dom, um talento. E o pior é que muita gente ainda hoje repete isso e acredita nesses argumentos. Neste ponto penso que posso chamar os velhos sabios da sociologia para me ajudar. "O sociológico vem antes do psicológico" , dizia Émile Durkheim, referendado meio século depois por outro gênio francês, Claude Lévi-Strauss. (deixo para depois as referências bibliográficas uma vez que as estou ainda procurando.).

(Mensagens de Marcílio ao bolg de Neodo, por ordem cronológica, em 2001)

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[11/3/2001 9:11:32 PM - Culinária portuguesa à época do domínio sarraceno
[11/1/2001 9:18:07 AM - Margerite Youcemar e a cozinha italiana
[10/31/2001 12:11:13 PM - Receita de frango assado no sal grosso
[10/31/2001 6:13:36 AM - Novela das oito
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[10/28/2001 11:24:44 PM - Pablo Tornielli analisa Borges
[10/28/2001 9:29:21 AM - O preço de um craque
[10/25/2001 3:36:04 AM - Borges aprende árabe no fim da vida
[10/22/2001 3:53:37 PM - Citação Bibliográfica
[10/21/2001 8:06:12 AM - Ciência médica - até onde confiar na ciência?
[10/19/2001 11:04:20 AM - Pecados capitais
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[10/14/2001 7:06:30 PM - Fotografando o passado
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[10/7/2001 11:32:53 PM - A história da UNISUL
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[10/5/2001 10:50:45 AM - Salve Neodo
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[9/27/2001 10:50:39 AM - | Marcilio saúda o blog
[9/27/2001 5:27:32 AM - privacidade II
[9/26/2001 4:03:50 AM - privacidade I
[9/21/2001 12:42:04 PM | Nêodo convida para escrever no blog

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