A Internet e a questão da memória
O bom do blog é que se pode mudar a cor e o tamanho da letra e alterar o texto das mensagens enviadas usando a função editar. Eu mesmo tenho corrigido,modificado e até aumentado várias delas. Isto me parece ótimo mas cria um problema. Um problema sério, pois desconsiderado pela maioria das pessoas e instituições no afã de incorporar as novas tecnologias e as facilidades que elas aportam. Trata-se da questão da memória pessoal e social. Nos meus quase 15 ou 16 anos de usuário de microcomputador, utilizei uma quantidade enorme de processadores de texto. Se bem me lembro, passei por todas as versões do word, do Wordpefect, pelo menos até a quinta, do redator Itautec, do Fácil, do Script da ibm, e não sei quantos mais. No que diz respeito a midias também usei os disquetes de 5 1/8, fitas dat, rolos de fita dos computadores IBM da linha 3090, disquetes de 3 1/4, e, mais recentemente, os CD's. Isto sem falar nos diferentes sistemas de e-mails, primeiro os da Bitnet, depois, já na era Internet, o pine, o eudora, o outloook express, em diferentes formatos além dos tradicionais txt e ascii. A pergunta é a seguinte. Quem vai conseguir recuperar os documentos que tenho arquivados nessas midias? Algúem por acaso ainda tem no seu micro um drive para ler disquetes de 5 1/8? E se por acaso esse drive ainda existir operando em algum micro XT de museu, quem vai conseguir o processador da Itautec?

É sabido que o email é a principal aplicação das redes de comunicação eletrônica, empregado cada vez mais como comunicação pessoal e nas atividades empresariais, a ponto de hoje ser definido com um direito do cidadão. Os historiadores sempre tiveram na correspondência epistolar uma grande fonte de informação. A vida de muitos cientistas, políticos e figuras importantes foram levantadas usando a documentação e especialmente a correspondência pessoal. Acontece que de dez anos para cá as missivas da maioria das pessoas e também de empresas estão arquivadas nos servidores das redes ou nos micros pessoais. Aí surge o problema. Freqüentemente administradores de rede, com espaço limitado de memória nos seus equipamentos, simplesmente deletam dos discos rígidos os dados de anos anteriores jogando para o espaço grande quantidade de correspondência epistolar cuja cópia muitas vezes nem os autores possuem. O que fazer diante dessa calamidade? Muito se fala em back up, em preservação de cópias de segurança, mas na prática pouco é feito nesse sentido institucionalmente de forma sistemática prevendo a recuperanção histórica de documentos digitais.

No que se refere a web passa-se a mesma coisa. E o melhor exemplo é o citado no início desta mensagem quando falei da facilidade em corrigir ou editar num blog.

Há iniciativas louváveis como a do projeto Alexa que pretende fazer um cópia periódica de toda a Web. Outro dia, eu mesmo testei esse sistema e tive uma surpresa agradável ao encontrar uma página que editei em 1965 na minha home page pessoal, há muito dada como perdida. Mas a verdade é que no sistema Alexa não tem tudo o que já editei na web e muito menos os milhares de emails que postei e/ou recebi nesses 12 anos de uso do correio eletrônico e seis de navegação com o w w w. Isto sem falar na durabilidade das mídias, sejam discos rígidos, fitas, disquetes ou CD. Há livros de mais de mil anos mas um winchester funciona no máximo cinco anos e a vida útil dos CD's disponíveis no mercado por vezes é inferior a uma semana.

Comentários