Fernanda Porto X Tribalistas...


Bom, falaram aí, posts e comentários abaixo, que as letras são isso ou aquilo, que uns são outros e outros são uns..é isso??

O fato é que estou ouvindo, desde de manhã o CD da Fernanda Porto.. e, se ela, que é uma musicista das melhores, uma cantora lírica das melhores vozes que eu já tive oportunidade de ouvir, e olha que não sou dado a frequentar sessões de lirismo... ela tem um pézinho lá no quintal dos tribalistas sim... ao menos no tipo de música que faz.. mas é só isso. um pézinho e é só....

Vejam só:

TUDO DE BOM

(De Fernana Porto e Lina de Albuquerque)

Só poderia ser
Sempre com você
Você acelerou minha calma...
Já mistiurou tudo em mim
Sampa no Rio de Janeiro
E Londres num grande terreiro
Natal caiu em fevereiro
É Carnaval o ano inteiro
Só com você poderia ser...
Só poderia ser
Sempre com você
Tudo é tudo de bom...
Você é tudo
Você é tudo
Você é tudo de bom

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E então? Que me dizem?

A letra é boa, tem uma história, mas é híbrida?.. Como eu tentei dizer aqui com relação ao Carlinhos Brown.. que é híbrido até no nome...

Em Fernanda existe algo novo, algo misturado, tem pandeiros, tem bit acelerado, tem drum'n'bass, tem brasilidade...

é o caso da letra de SAMBASSIM... que é justamente isso: a re-criação do samba, numa roupagem modernosa... mas, afinal, que música é essa da Fernanda?

Será que o Carlinhos Brown e cia, leia-se tribalistas, tem alguma importância para ela? Será que tem alguma coisa nova acontecendo na música brasileira? ou na m'suica de Fernanda Porto?

E a tão falada globalização e a questão da identidade cultural a partir de uma manifestação artística brasileira?

Existe sim uma diferença entre globalização econômica e globalização da informação. Como diz Beatriz Resende (UFRJK) em seu Carlinhos Brown: do local ao global e vice-versa apresentado na IV Conferência Anual da Brazilian Studies Association (BRASA).

Carlinhos Brown, tem no nome a hibridação das culturas, "o nome não poderia ser mais globalizante, cabendo uma atenção ao Brown, ao mesmo tempo étnico - marron, mulato - e tributário de referências americanas, segundo ele próprio, James Brown, mas quem sabe até uma introjeção do nosso velho Carlie Brown (lembram-se do Benito??). Para o músico, Carlinhos é o nome que a mãe deu, e o Brown "é do mundo".

O disco de Carlinhos Brown é uma produção conjunta de uma multinacional e de um selo francês, foi gravado no Brasil, em Salvador, e em Paris. Foi mixado na França e masterizado em Nova Iorque [estou me referindo aqui ao CD ALFAGAMABETIZADO, de 1996], além disso, a mistura de grafismos de alunos de escolas públicas do Rio de da Bahia, e as fotos belíssimas de Mário Cravo, Pierre Verger e Marc Ferrez, tudo num projeto de Gringo Cardia, designer e cenógrao brasileiro, parece indicar justamente uma idéia, um projeto.

Além da produção gráfica, a musica também é uma mistura de pessoas do mundo inteiro, além de instrumentos ditos primitivos, tais como triangulo, bambu, tibau, palmas de madeira, e instrumentos sofisticadíssimos de útlima geração, além dos diversos tipos de músicas, charm, música urbana carioca - socialmente diferente do funk, reggae, formas musicais negras de raiz, etc.. .

E Fernanda Porto?

Bom, Fernanda também mistura... o projeto gráfico desagrada um pouco, pois é um salão amplo onde a musicista se apresenta numa roupagem esvoaçante, dando a impressão de algo leve... a menina é bonita, diga-se de passagem, mas seria possível um investimento maior na produção gráfica, não é esse o caso do CD de Fernanda...

na composição musical, ela está presente em cada faixa, como arranjadora, musicista, toca de tudo, desde sax alto a piano... letra e composição.. etc.. tudo assiando por ela... O Gerente da produção é o mesmo do CD TOTALMENTE CAETANO, o Gavin.. se não me lembro mal...

O CD de Fernanda é feito todo no Brasil, diferente portanto de ALFAGAMABETIZADO do Brown, é feito pela TRAMA... mas o mais interessante está mesmo dentro do CD: AS LETRAS e a MUSICALIDADE de Fernanda Porto..

é algo novo? é algo revolucionário? Olha, sinceramente: não sei!

acho que é um ritmo novo, bonito e bom de dançar.. mas não são aquelas letras de protesto do pessoal da tropicália, nem a poesia desbocada do tribalismo..

Acredito que por ser de onde é, Carlinhos Brown & Cia, tendam a utilizar esse estilo a fim de provocar desordem, de remxer a água do balde que anda meio parada a fim de ver se produz mais oxigênio... afinal, lá é seara de CAetano, de Gil, de outros trovadores que já fizeram a sua parte na música brasileira... alguns revolucionários,outros, nem tanto.. mas lá é o quintal produtivo da m'suica brasileira...

TRIBALISTAS, sim, acredito que alguma coisa boa deve sair disso aí...

FERNANDA PORTO, é uma banda inteira.. um CHARM... tipo assim... sei lá.. é gostoso.. mas não creio que venha para mudar alguma coisa... segue sua trilha, seu estilo próprio.. agora, quem tem um projeto, uma proposta nova, de de-estruturar, de balançar as bases sólidas do status quo, é o que vem sendo feito por Carlinhos Brown & Cia...

bração...

PS. a foto é do site da entrevista de Nelson Mota com OS TRIBALISTAS

Para ouvir OS TRIBALISTAS

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