Iluminando as minhas madrugadas
Acordei de um pesadelo suando, apanhei a lanterna e acionei LIGHT, antes de levantar e caminhar rumo ao banheiro. Esta pequena maravilha, no formato de um tubo achatado, do tamanho de minha mão, tem quatro posições no botão comutador: off, tube, blink e light.Isto não está muito claro na disposição das palavras escritas com letras de forma:LIGHT/BLINK, de um lado e a frente do botão comutador, e TUBE/OFF, no lado oposto e sob esse mesmo botão. Embora a lógica das funções não seja imediatamente evidente, é correta quando estudada com calma ou acionando-se o interruptor devagar. O problema é que ele é um pouco duro para deslizar, impedindo o controle total de cada movimento. Além disso, as luzes acendem com cores e em lados diferentes surpreendendo e distraindo o usuário. Senão vejamos: se colocarmos a lanterna em pé - ela tem uma sapata própria para isso na tampa da câmara de baterias que exerce, por sua vez, a dupla função de fonte de alimentação e lastro para sustentar a verticalidade - o botão on/off desliza de baixo para cima passando da posição "desligado" para "facho de luz" (light) - a lâmpada desse facho está na extremidade oposta embutida no corpo da lanterna, portanto na parte de cima) - transitando por TUBE e BLINK. O primeiro corresponde ao tubo florescente e o segundo ao pisca-pisca tipo carro de bombeiro, sendo que o Tube toma todo um lado e Blink uma ponta do lado oposto, na parte de cima, perto do facho de luz. A lanterna é de material plástico resistente, bastante leve, nas cores preto e vermelho coral. Tem um cordão para segurar, em forma de laço, semelhante aqueles das máquinas fotográficas, fixado próximo à mossa que sugere empunhadura, no lado onde está o lâmpada do BLINK. Tenho curtido essa lanterna. Minha mulher, preocupada com os meus tropeços à noite quando levanto para mijar mas evitando ascender a luz de cabeceira para não acordá-la, trouxe-me o objeto sem muitos comentários. A lanterna permite-me caminhar pela casa na madrugada de forma segura sem perturbar ninguém. Coisas de velho... Relendo esta descrição da minha lanterna, lembrei-me de Michel Foucault em Les mots e les choses, onde gasta de forma inusitada doze páginas para descrever um quadro de Velasquez. Coisa de maluco...

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