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Como "ameacei" no meu último posting, vou contar a história do meu encontro com a música brasileira.
Do 1980, ano da minha descoberta do Brasil, em diante da Terra Brasilis estava conhecendo, graças ao futebol, um pouco de geografia. Eu procurava, nem tanto a dizer a verdade, notícias sobre o Brasil e a sua língua: por isso as poucas vezes que eu encontrava palavras em português eu as escrevia num caderno que virou um pequeno dicionário muito caseiro. Em 21 de setembro de 1984, dia do meu 15° aniversário, recebi como presente um disco. O meu amigo me disse que se eu queria poderia troca-lo com um do que eu gostasse mais. Eu sabia de uma coletânea produzida em Itália de música brasileira e resolvi fazer esta troca.
Bem, naquele momento começou de verdade o meu interesse pelo Brasil. Da música brasileira eu só sabia a melodia de "Aquarela do Brasil" (mesmo não sabendo o título ainda menos o autor e eu pensava até que fosse o hino do Brasil!) que era também a primeira faixa do meu primeiro disco. Depois de algumas coletâneas, nem sempre de boa qualidade, chegaram os dois primeiros discos de "autor", como se diz na Itália: no Natal de 1985 recebi "Botequim" (Toquinho - Gianfrancesco Guarnieri, 1975) e "São demais os perigos desta vida..." (Toquinho - Vinícius de Moraes, 1972). Como eu conhecia o dono de uma loja de discos na minha cidade, era ele que procurava discos pra mim; na verdade eu comprava sem saber nada do autor, à excepção do Toquinho famoso na Itália sobretudo nas décadas 70/80. Por exemplo quando comprei o meu primeiro disco do Roberto Carlos (1986) o meu amigo me perguntou se eu o conhecia e eu respondi que de Roberto Carlos eu conhecia só o goleiro da Seleção! (é preciso dizer que o "Rei" ficou muito famoso na Itália na década de 70 com várias canções com versão em italiano). Comecei a precisar de uma coisa que me ajudasse a lembrar nomes e canções: aí nasceu um arquívio de autores de canções que eu achava nos discos com todas as faixas que eu conhecia; este arquívio é atualizado todas as vezes que eu compro discos. Só que hoje está no meu computador (mas tenho os velhos de papel e caneta por lembranças). Aquí uma demonstração da total ignorância que eu tinha da música brasileira. Eu tinha em "A" Antonio Carlos Jobim e em "T" Tom Jobim, sendo pra mim duas pessoas diferentes! Eu só tinha a voz do Tom num disco do Vinícius de Moraes e um dia achei o disco "Antonio Carlos Jobim" onde está "Águas de março" (em português e inglês). "Conhece isto?" me perguntou o meu amigo dono da loja. "Não", respondi "eu conheço só TOM e não Antonio Carlos Jobim!". Bom, voltei pra casa (com os risos de outros amigos que me achavam bobo pra comprar discos de música brasileira) e ouvi o disco. Além da surpresa de "Águas de março" que já conhecia, reparei que a voz do Antonio Carlos era muito semelhante à do Tom e que tinham o mesmo jeito de dizer "de repente". Então escrevi na primeira página do meu arquívio: Antonio Carlos Jobim e Tom Jobim provavelmente são a mesma pessoa. Agora estou certo que são a mesma!!
Eu buscava escrever num outro caderno as palavras das canções assim como eu as ouvia: depois eu "cantava" junto ao disco e assim aprendi a "falar" português sem saber o que eu estava dizendo. Na verdade quando eu compro discos (até hoje são mais de 400) brasileiros eu não compro só música: eu compro gramática, uso do idioma brasileiro, geografia, história, tradição: numa palavra: civilização (brasileira). Os discos que tenho são a base de todo o pouco que conheço do Brasil. Um exemplo é o LP n.10 da minha coleção: trata-se do disco duplo de só poesias que o Vininha gravou em 1977. Eu tinha 16 anos quando o comprei e enquanto os meus amigos escutavam músicas anglofonas eu estava escutando poesias em uma língua que não conhecia ficando feliz quando compreendia duas palavras na mesma frase! Agora compro discos cerca de uma vez por mês fazendo cerca de 100 Km, entre ida e volta, na única loja que eu vi até agora onde os artistas brasileiros são catalogados por nome e não em seções como por exemplo "musica brasiliana" ou "musica latina". Teria mais historinhas, mas paro aquí.
Peço enorme desculpas ao amigo Nêodo da duração deste meu posting: só gostava de contar com todos os detalhes possíveis este encontro importante para mim.
Ciao.

Alessandro.

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