MPB

Sei que a música brasileira conhecida ao exterior não é a música que os brasileiros mais escutam: sei que, por exemplo, a bossa nova era considerada música pela elite.
Mas sei que se eu vou procurar alguma coisa de música brasileira por aquí, vou achar um monte de Caetanos, Jobins, bossas de todos os tipos (inclusive as bossas que não são bossas) mas poucos ou nada acho do que no Brasil se escuta de verdade. A mesma coisa acontece no Brasil pela música italiana. Fazem alguns nomes: Rita Pavone? Os jovens não sabem quem é. Se sabem, começam a rir. Também os outros grandes (e ainda mais grandes da música italiana) dos anos ’60.
Sem falar das simpatias e antipatias pessoais, posso dizer que vejo no brasileiro uma inveja quando um outro brasileiro faz sucesso no exterior. Aconteceu dos tempos de Carmen Miranda, do Jobim: todos chamados de “americanizados”. Certo é que a música brasileira mais conhecida ao exterior, teve que passar pelos Estado Unidos. São coisas raras os fios direitos Brasil-Resto do mundo. Pode acontecer que um artista possa fazer sucesso num determinado País, mas sem sair dalí (por exemplo Toquinho, que no final dos ’70 – início dos ’80 era a música brasileira na Itália: e por aquí pensam ainda que os brasileiros sejam todos loucos por Toco e só escutam ele).
A Bossa Nova, a Jovem Guarda, o Tropicalismo, foram revoluções musicais da época. Se pode gostar ou não, se pode até odiar: mas sempre pensando coisa, essas pessoas, fizeram no mundo da canção brasileira até alcançar o resto do mundo. Quem ama a música brasileira ao exterior, começou sempre escutando um desses “medalhões”: depois, podem vir a Marisa Monte, Daniela Mercury, Carlinhos Brown e mais pessoas que, infelizmente, não são conhecidas. Por exemplo, eu comprei “Agora” da Verônica Sabino que não conhecia e gostei: sobretudo das canções de Vitor Ramil. E tudo isso não poderia acontecer se antes não tivesse comprado um monte de coisas que tocaram, e muito, o meu coração.

GILBERTO GIL

“Dia Dorim, Noite Neon”. Eis o único Lp de música brasileira que estava na loja do meu amigo no dia 30 de abril de 1987. Ia ser o disco número 23 da minha coleção. O compositor, Gilberto Gil, conheci por televisão alguns dias antes. Cantava pop-rock! Quem é esse? No Brasil a verdadeira música é samba e bossa: que tal de rock! Eis o meus pensamentos da época. Comprei com “desgosto” o disco, quasi indo para uma condena capital: mas era o único disco de música brasileira que ficou na loja e teve que comprar. Dia 3 de junho de 1987: o disco número 24 tornou-se “Raça humana”, do mesmo Gil. E sempre me repetindo a mesma coisa…. Depois vieram os álbuns para o mercado estrangeiro do Gil, “Soy loco por ti America” (sendo o número 41 comprado o dia 13 de setembro de 1988) e “Nigthingale” (número 42, 17 de setembro de 1988). Até chegar o álbum de coletâneas da serie “Personalidade”, número 52 do dia 13 de junho de 1989. Foi um choque! O Gil ia compondo desde os anos ’60! O Gil cantando sambas e canções “mais brasileiras”! Descobri que o Gil era um artista “completo”: cantava de tudo! E a minha cabeça começava a se abrir.
O Gil não está no meu “olimpo” de compositores brasileiros, mesmo sendo muito perto. Mas, com certeza, está entre os grandes do Brasil, entre as pessoas que abriram o Brasil aos estrangeiros: e suas letras muitas vezes são violentas, não falam só de amor mas de vida vivida.
Provavelmente entre alguns anos vou “conhecer” o Raimundo Fagner, do qual gosta o Nêodo: com certeza vou gostar eu também. Gostaria de conhecer tudo do Brasil: não será possível, mas o pouco que conheço foi graça a esses compositores “da elite” que abriram pra mim um mundo novo pelo qual o meu coração bate com muito amor.

Alessandro.

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