MPB II

Se alguém me perguntasse o que é a Mpb, eu não saberia responder: acho que muitos não saberiam. Tem que se entender a música tipicamente brasileira? Acho que não, caso fosse assim vários “medalhões” não seriam tais (Djavan, por exemplo: ao escutar “Boa noite”, meu conhado disse que não poderia ser música brasileira). A Mpb é um universo onde os limites são móveis. O problema é que nós gringos, mal temos dois discos e já pensamos de saber tudo dela: se encher a boca de Tom….João Gilberto….o poeta Vinícius…o Caetano….a Gal……o Milton…..o Chico…..: chamamos os “grandes” por nome, come se tivéssimos profunda amizade com eles. Se, de qualquer modo, já é bom entrar na Mpb, temos os perigos de, conhecidos os nomes clássicos, parar por alí. Ver os outros conhecidos por acaso, come meros coajuvantes. Não temos, muitas vezes, a “humildade” de entrar sempre mais no complexo e imenso mundo musical brasileiro. Nós gostamos de fazer ver que a Mpb foi feita por poetas, intelectuais etcetera e tal: o resto é coisa que “faz número”.
Mas o Brasil tem a grande sorte de ser reconhecido musicalmente: dizer “isso vem do Brasil” ou o mesmo cunhado que disse aquela frase, já leva a supor que o ouvido da pessoa conhece pelo menos o ritmo. Pergunto a vocês: podem reconhecer uma canção italiana escutando cinco segundos dela? Acho que não, a não ser pela língua.
Mas a força musical do Brasil está também em ouvir as outras músicas, trabalhar com elas misturando seus próprios ritmos, e fazer uma nova produção: assim como o povo brasileiro, a sua música é o resultado da mistura “das raças”. E quantas raças existem no Brasil? Uma: a raça humana (ouvi essa maravilhosa frase no rádio que indicou alguns posts atrás o Nêodo – a VivaRio ou alguma coisa parecida). Assim existe uma música brasileira, mas que tem várias cores e qualidades.
Por exemplo: o Caetano Veloso fez seu primeiro álbum (Domingo junto a Gal Costa) em 1967 mas alcançou as 100.000 copias vendidas só em 1981 com “Outras Palavras”: então, não é assim popular! Mas estas pessoas começaram a trabalhar mais de trintas anos atrás e estão sempre a brilhar: quantas pessoas brilham só o tempo de um verão? Ele, “de elite”, foi um “revolucionário” da canção brasileira, um provocador, vaiado várias vezes do povo e exilado do poder político. Hoje fica sendo uma bandeira do Brasil em várias partes do mundo.
De qualquer modo, eu gostaria saber mais da vossa maravilhosa música: estou certo que se eu falo com um jovem brasileiro da música do seu País, eu ficaria calado e ciente que não sei nada. Nós gringos conhecemos uma pequena, minúscola porção da vossa produção musical: mas aquele pouco nos basta pra dar ensinamento, muitas vezes aos mesmos brasileiros!
Peço desculpas por isso, queridos amigos: mas sabem que tudo isso, nós faz amar a vossa maravilhosa terra. O exemplo é quem está escrevendo: começando pelo futebol, cheguei à música e alí se abriu pra mim um mundo novo. Se hoje estou escrevendo numa língua que nunca estudei, foi graças principalmente ao Zico, ao Toquinho, ao Vinícius e ao Tom. Podem não acreditar, mas é assim.

Abraços,
Alessandro.

P.S. : e se hoje escrevo aquí, foi graças ao Nêodo, que agradeço pela oportunidade que me dá de exprimir as minhas idéias. Um abraço especial por ele.

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