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Natal dos Bons

Amanheceu um dia de Natal chuvoso na Ilha e aproveitamos para dormir até mais tarde. Mesmo porque os parentes reuniram-se em nossa casa, após a missa na capela do bairro, para comemorar a data trocando presentes, comendo tender, saladas, tortas, bebendo de tudo, contando velhas histórias da família (alguém se lembra do livro “Os jogos que jogamos na vida”? Ando procurando esse livro há tempo e não acho, o que explica também a omissão do autor) e só foram embora lá pelas duas ou três da madrugada.
Acordei com um pesadelo. Estava bronqueando o dono de um botequim que insistia em dirigir-se a mim com um “meu neguinho”. E sabe como protestei? “não lhe concedo intimidades. Vá buscar isso lá com as suas negas.” Não me perguntem como se originou o sonho ou como o interpreto porque sou ruim nessa arte.
Levantei-me e vim para o blog pensando na prefeita, descendente de alemães ou austríacos pelo lado do pai e da mãe, casada com um libanês de segunda geração e que falou outro dia em trocar o nome mulçumano pelo de solteira para evitar problemas em viagens internacionais.(vide blog onde cito a fonte) Sim, nas “viagens internacionais”, porque aqui na terrinha isto é dispensável, pois “não discriminamos ninguém” (assim mesmo, com duplo negatio e tudo) e tampouco temos preconceitos. Pensei na excelente oportunidade de enviar uma bela mensagem contra a guerra religiosa e étnica, que se evidenciava com o ataque às torres gêmeas, perdida pela eficiente alcaidessa (Segundo o Aurélio, pode ser também “alcadina” e vem do árabe “al-qaid”. Há uma semelhança com a organização do Sr. Osama, Al-Qaeda que o FBI traduz por “The Base”).

Continuando com o tema da violência, ontem fui às compras no centro da cidade e por pouco não enfiei o pé num buraco de esgoto no calçadão da Conselheiro Mafra. Mais adiante havia outro bem maior, obrigando as pessoas a passar ao largo para evitá-lo mas do qual alguns incautos aproximavam-se perigosamente ao caminhar apressados pela rua apinhada de gente. Parei na borda da armadilha e olhei em volta tentando achar algo que pudesse sinalizar o perigo. Pé ali dentro seria perna quebrada na certa. Como não achei algo adequado, nem policial a quem avisar, fui em frente. Já no carro, Pedro faria broma comigo: “Este é o meu pai. Exemplo de cidadão. A única criatura que conheço preocupada com buracos na calçada”. Fiquei quieto, sem retrucar, mas a idéia da violência não me saia da cabeça. Ela parece fazer parte da nossa cultura e como tal passa desapercebida, especialmente quando pode ser atribuída a algo impessoal como o trânsito.
Esta semana, duas jovens morreram na rodovia do litoral, a famosa Br 101, a estrada da morte. Eram professoras da Unisul e viajavam semanalmente a Tubarão, distante 150 km da Capital, na direção sul. Essa estrada está em processo de duplicação há mais de vinte anos. Entra governo, sai governo e lá está ela matando cada dia mais gente.
A estrada que leva às praias do norte de Ilha, chamada de rodovia 401, objeto de licitação pública para fins de cobrança de pedágio, tem 30 km de pista dupla, desprovida de canteiro central e sem acostamento em grandes trechos. No primeiro bairro, logo na saída da cidade, com o sugestivo nome de Saco Grande, construíram uma mureta de concreto armado separando as pistas, de tal maneira isoladas que o retorno só pode ser feito cinco kms adiante. E como fazem os pedestres para atravessar a estrada? Para a engenharia e o setor estatal responsável é como se esse tipo de ser inexistisse, em que pese o crescimento do bairro mais do que justificando o nome. Que saltem a mureta! Ou procurem uma pequena brecha deixada de 500 em 500 metros onde uma pessoa pode passar uma perna de cada vez. A estrada foi construída para atender ao turismo, especialmente representado por argentinos, sumidos nesta temporada por razões que já sabemos.
O montante anual de óbitos em acidentes de trânsito no Brasil em 1999 era mais que o dobro das perdas americanas na guerra do Vietnam.
“Somos um povo de paz e concórdia, não temos preconceito de qualquer espécie, somos tolerantes, amistosos, dóceis e amáveis”, não obstante.

Tricampeões mundiais de futebol, de tênis em Roland Garrot e campeoníssimos em acidentes de trânsito.



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