Quando parti de Cuiabá para Porto Velho, atendendo ao convite de meu irmão, eu estava numa situação franca de penúria — financeira e, sejamos honestos, também existencial. Trabalhava na Rádio Vila Real; o ano era 1987, se a memória ainda não estiver me sabotando. Larguei o emprego e fui. O futuro? Um conceito abstrato. Bora para mais uma aventura. A estrada não me era estranha. Já havia passado um tempo na divisa com o Paraguai, em Ponta Porã; servido na Marinha, no Rio de Janeiro; puxado boi magro de Cidade Jardim, no Mato Grosso do Sul, até Paranavaí, num caminhão boiadeiro. Eu já estava na vida. Quem sabe ali poderia dar certo. Porto Velho me recebeu sem promessas, mas com trabalho. Primeiro, locutor na Rádio Nacional, sem vínculo, mas com algum dinheiro entrando. Depois, Souza Cruz. Logo em seguida, troquei por outro emprego — nem melhor, nem pior — numa empresa de produtos farmacêuticos. Foi ali, como propagandista, que a vida começou a se mover de verdade, como se alguém tivesse ...
Diário Virtual Coletivo - Cotidianas Escritas por: Nêodo N Dias Jr. Bem Vindos!