A história se passa em Santo Amaro da Purificação, na região do Recôncavo Baiano início do século XX. O filme retrata da vida de "Besouro", e apresenta a difícil situação dos negros logo depois da abolição da escravatura. A Sociedade era dominada pelos coronéis com mão de ferro, subjugando e humilhando os negros e, especialmente, as mulheres negras (quase sempre seviciadas, e muitas vezes estupradas pelos brancos). O filme retrata a forma como a cultura negra, nas suas vertentes religiosas e culturais, e também a capoeira, era reprimida de forma violenta.
É nesse ambiente que cresce o menino Manoel Henrique Pereira, orientado por seu Mestre Alípio, e, como consta da tradição, tem nome de capoeira de besouro ("porque é negro como eu e avoa"). Após Mestre Alípio ser morto num atentado a mando dos coronéis, Besouro passa por um período de descoberta espiritual (um rito de passagem, por assim dizer, assistido por seu mestre (em espírito) e por poderosos orixás (da cultura negra) tais como Eshu (numa das sequências mais emocionantes do filme Eshu- ou Exú, luta com Besouro no meio da feira da Vila), Iansã, Oxum, entre outros... é neste momento de exílio pessoal que Besouro assume seu papel na luta pela liberação de seu povo (especificamente da capoeira).
O Filme é de uma riqueza de detalhes, tanto da história dos Orixás, crucial para o entender do enredo, como pelas técnicas de luta utilizada no filme que nos faz lembrar de filmes de luta chineses.
O Filme merece ser visto e revisto quantas vezes forem possíveis. Recomendo fortemente.
Besouro, direção de João Daniel Tikhomiroff. Rio de Janeiro, Globo Filmes/Mixer/Teleimage, 2009, 90 min, 35 mm, cor.
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baccio
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