C E N S U R A

Bom, escrevo aqui porquê parece que na lista de discussão da Musibrasil morreu a liberdade de opinião. Eu sou jovem demais pra ter vivido a censura fascista na Itália, era longe demais pra viver a da ditatura no Brasil. Na verdade não precisava de viver esta "operação silêncio": mas vivi, estou vivendo. Bom, não vou falar o assunto mas queria expressar aqui o meu desgosto de não poder exprimir uma opinião, exprimir de um modo educado, sem ofender ninguém. Olha, não sou o único censurado por lá: é sò pensar de um jeito diferente do chefe que controla a lista e pode dizer adeus à esperança de ver publicada a tua opinião. Além disso, foi censurada também uma minha tentativa de ajuda pra quem perguntava como são os dvd que o Chico Buarque gravou e que a Band passou em julho. Sabem a razão? No meu post escrevi a letra de "Cálice", que o chefe intepretou como um ataco direto a ele. E a coisa muito "tri", foi que também o meu som se recusa de tocar a música: toca todos os cd mas o que contém a música do Gilberto Gil e do Chico, este não!!
Espero que o Nêodo não vá censurar também. E falando no meu "fratello", que pena saber da sua tristeza!!
UM ABRAÇÃO PRA TI!!!!


CáliceGilberto Gil/Chico Buarque - 1973

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

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