Internet e EAD, um pouco de história e possibilidades...

Quando foi pensada a Internet, uma grande rede de computadores interligados, seus objetivos eram, no mais da vezes, para uso militar. Foi nos laboratórios da ARPANET – projeto militar norte-americano, que se pensou no uso de computadores ligados em rede a fim de realizar, mais rapidamente, cálculos balísticos, isso nos idos dos anos 70, 80, em plena Guerra Fria. Vale lembrar que a computação, da forma como conhecemos hoje, tem seu início com uma enorme máquina, o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer) lançado em 1946 e que tinha capacidade de realizar cinco mil cálculos por segundo(WASLAWICK, 2017). 

De lá pra cá, muita coisa mudou. Nos laboratórios de pesquisa de todo o mundo muitos estavam a pensar noutras formas de utilização desse novo modo de uso dos computadores em rede, nascia então a World Wild Web, Teia do Tamanho do Mundo, um experimento que tinha início com o primeiro navegador de internet (o Netscape). 

Na sequência, do uso de computadores em rede para troca de informações entre cientistas das mais diferentes áreas, surge, no Brasil, na década de 80, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) que interligava computadores de algumas universidades públicas brasileiras e algumas particulares numa rede de troca de mensagens, grupos de discussões, e-mails, etc. Daí para o mercado foi um pulo, na década de 90 os primeiros provedores de Internet comercial apareciam no Brasil, UOL, FOLHA, BOL, etc, mas ainda as principais eram as redes das universidades públicas, que estimulavam a disseminação do uso das redes em suas disciplinas e centros de pesquisa. 

Na Universidade Federal de Santa Catarina, alguns pesquisadores se envolviam com a Educação a distância, agora com o uso dessas novas tecnologias, como o uso de link de satélite para aulas online, ambientes específicos para vídeos-aula, entre outros. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, o Laboratório de Educação a Distância desenvolvia seu primeiro ambiente virtual de aprendizagem (AVA) o AULANet, que ficava hospedado nos servidores do PROSSIGA, braço tecnológico do Instituto Brasileiro de Ciência e Tecnologia, IBICT, na Praia Vermelha, também integrante da RNP.

Alguns outros ambientes virtuais de aprendizagem (AVA´s) começavam a surgir no País, como VirtualU (da Open University de Londres); o WebCT (privado); entre outros. Eram tempos de ambientes fechados, que só podiam ser customizados por via de pagamento de royalties, ou compra de licença de uso, eram softwares (plataformas) proprietários. 

Isso demandou aos diversos grupos de pesquisadores espalhados pelo mundo um trabalho cooperativo (nesse momento surgiam grupos que defendiam programas de código aberto – Open Source, em diversas áreas), não seria diferente no âmbito da Educação a Distância - EAD, surgindo então o Moodle, uma plataforma de educação a distância com código aberto, logo, possível a sua customização de acordo com os interesses daqueles que desejassem utiliza-lo em suas estratégias de EAD. 

Do ponto de vista pedagógico, a Educação a Distância possui características que lhe são peculiares, tais como: flexibilidade, distanciamento geográfico, físico, individualidade entre outros. Segundo Moran (2018, p.1) “Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.”, muito embora a perspectiva desse autor tenha se modificado ao longo dos tempos, ainda persiste a ideia de que a “distância”, cada vez mais relativizada pelas tecnologias que permitem a “aproximação” entre os atores do processo de ensino-aprendizagem adotadas pelo modelo de educação a distância, caracteriza esse modelo de prática pedagógica. 

Dessa forma, busca-se organizar o pensamento que dá forma ás práticas inclusivas de ensino a partir de campos teóricos que possam abarcar esse novos modelos de interação entre os atores (professor\aluno). Uma das correntes mais marcantes têm sido a que tem sua origem nos pensadores Jean Piaget e Vygotsky, chamada de Construtivismo. 

Struchiner, Ricciardi e Carvalho (2005) ao analisar as potencialidades e limitações de um ambiente construtivista de aprendizagem, com enfoque nas características da corrente construtivista concluem que a abordagem construtivista possui sim potencialidades para oferecer formação continuada e permanentes de profissionais (no caso do estudo, profissionais da saúde). 

Além disso, percebeu-se a importância da interatividade, cooperação e autonomia no processo de aprendizagem, afirmando que “ficou demonstrada a importância do desenvolvimento destes elementos como estruturadores tanto da dinâmica das atividades, das inter-relações entre os sujeitos envolvidos na ação educativa, como do próprio crescimento dos alunos e do corpo docente.” 

Segundo as autoras (op. cit.) “trata-se de um enfoque teórico que aborda o conhecimento como uma construção humana de significados na interpretação do mundo. Portanto, é uma teoria que busca enfocar as múltiplas faces do mundo vivido, onde os indivíduos são observadores e analisadores das experiências dessa realidade, construindo e percebendo de forma pessoal e particular, buscando interferir neste mundo.” 

Nesse sentido, o papel de cada ator desse processo é revisionado, onde o professor passa de uma papel de repositário do conhecimento para um de orientador ou facilitador do processo pedagógico e ao aluno, de apenas o receptor de informações já processadas, passa a um papel ativo de construtor de seu próprio aprendizado. 

Dessa forma, as dimensões essenciais de uma ambiente virtual de aprendizagem podem ser consideradas a interação, cooperação e a autonomia dos atores envolvidos no processo. 

Perspectivas Futura da EaD No Brasil 

Ao que indicam os dados apresentados na apostila do curso, em sua Unidade 5, a EaD no Brasil vem experimentando um virtual crescimento seja nas modalidades de oferta, seja nas mais variadas áreas de formação. 

De fato, a democratização de acesso proporcionada pela EaD favorece um aumento significativo de pessoas interessadas nessa modalidade de ensino. São, via de regra, pessoas que estão distantes dos centros mais populosos e que não possuem acesso às instituições de ensino de ponta. 

Assim, a opção pelo formato de ensino proporcionado pela modalidade EaD tende a ser a melhor escolha para esses alunos. Por outro lado, a formação continuada, a especialização e a busca por melhores condições de empregabilidade encontra nessa modalidade de ensino também um campo de atuação bastante privilegiado. 

Acredito que o formato de Educação mediada por Novas Tecnologias de Informação e Comunicação seja a tendência de uma forma pedagógica de futuro. Há potencialidades a serem exploradas, há pessoas a serem atingidas em diversos pontos, no país como também em outros países que não possam, de alguma maneira, investir em infraestrutura do porte de Universidades tradicionais (ou, em outras palavras: ensino presencial).

Contudo, há que se frisar, a importância de elaboração de Planejamento e de um Programa Político-Pedagógico que comporte a modalidade que, coo sabemos, apresenta determinadas particularidades, como bem apontou ALVES (2011). 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ALVES, Lucinéia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. In.: RAAAD - Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância. v 10. 2011 (pgs. 83-93). Disponível em http://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/235/113 Acesso em 30 set. 2019 

MORAN, José. O que é a educação a distância. Disponível em http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/dist.pdf acesso em 30 SET. 2019 

STRUCHINER, M; Rezende, F.; RICCIARDI, R. M. V.; CARVALHO, M. A. P. de. Elementos fundamentais de ambientes construtivistas da aprendizagem a distância. Tecnologia Educacional, v. 26, n. 142, p. 3-10, 2005. 

WAZLAWICK, Raul Sidnei. História da Computação - Editora Elsevier, São Paulo : 2017

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