Violência contra criança gera custo social e político para o Brasil, diz médica

Da Agência Brasil -=>  violência contra a criança gera um grande custo social e político para o Brasil. A avaliação é da professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que também atua como médica pediatra e em clínica de adolescentes, Evelyn Eisenstein. “Estamos gastando dinheiro em vez de fazermos prevenção”, disse.

Em entrevista à Agência Brasil, Evelyn afirmou que o Brasil não está investindo no futuro ao não dar a devida importância às políticas públicas voltadas para combater a violência contra os jovens e as crianças. E um dos resultados disso, segundo ela, é o desperdício de dinheiro com a saúde, quando se poderia estar investindo na prevenção.

“O custo é que em vez de estarmos educando crianças e adolescentes para a saúde, para serem cidadãos saudáveis, nós temos um custo de crianças e adolescentes doentes. Não só doentes chegando aos serviços de emergência e hospitais públicos por uso de drogas, gravidez, doenças sexualmente transmissíveis ou problemas mentais e comportamentais. Também tem um custo nas escolas, com a repetência e as crianças saindo da escola. E tudo isso vem da violência", afirmou.

Para ela, os recursos públicos voltados à infância e à juventude deveriam ser investidos em educação. Segundo Evelyn, outra conseqüência da violência é o trauma gerado nas crianças. “Violência gera trauma. Não existe bater por disciplina”, ressaltou. E, embora recorde que o trauma pode ser superado por meio de um tratamento psicoterapêutico, a pediatra ressalta que isso gera um “custo maior e demorado”.

“A prevenção é o melhor investimento no futuro e até no presente. O número de crianças doentes mostra que o Brasil não está investindo os recursos que, por lei, é obrigado a investir. A maior violência é o próprio país ser violento contra suas crianças e adolescentes. E banalizar a violência em vez de preveni-la”, afirmou.

Evelyn acredita que essa violência contra as crianças pode ser evitada se houver diálogo dentro de casa e se for de fato implementado o Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa prevenção, de acordo com ela, começa em casa e na escola. “Com os pais, nas escolas, tentando resolver qual é a tensão ou qual é o problema familiar. Foi o desemprego, por exemplo? Por que que a criança se torna o bode expiatório? Por que ela acaba sendo o resultado dessa violência?”, indaga a professora.

Outro ponto importante na prevenção destacado por Evelyn é a responsabilidade do Estado. “Os gestores têm de realmente abrir os recursos da nação. Isso está no Estatuto da Criança e do Adolescente. Crianças e adolescentes, que são metade da população brasileira, são prioridade absoluta. Cadê os recursos para creches, escolas, hospitais e serviços que atendem as crianças e os adolescentes?”


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